quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Da minha cara de f*dida

Há momentos críticos na nossa vida que levam a que determinados músculos faciais, normalmente relaxados, se contraiam, dando origem àquilo a que eu gosto de chamar de "cara de f*dida (ou f*dido). Uns dão-lhe mais uso, outros nem por isso. A de uns é mais óbvia, a de outros nem tanto assim. Mas toda a gente tem uma cara dessas.

No meu caso, eu coloco a minha cara de f*dida não só quando estou realmente f*dida mas também e sempre que me encontro num ambiente estranho. E apesar de a minha relação com o comboio ser uma de plena confiança, já sem segredos ou surpresas, a realidade é que o mesmo não se pode dizer daquela que mantenho com as centenas de pessoas que ele acolhe (o cão traidor!) por dia. E é por causa dessas pessoas (e dessas pessoas apenas) que eu me vejo obrigada a transformar a minha cara numa verdadeira visão dos infernos, cada vez que subo a bordo de uma carruagem.

Talvez tenha sido por isso que o passageiro sentado à minha frente. na viagem de hoje, fungoso que estava, não teve a coragem de me perguntar se eu tinha um lenço de papel que lhe pudesse dispensar. E é nestas ocasiões que eu me amaldiçoo por ter uma cara de f*dida tão super ultra eficaz!! É que o sujeito acompanhou-me desde Braga até ao Porto e era pior que um aspirador a vácuo! Todo ele intermitentemente ranhoso, parecia que estava a tentar entrar nos recordes do Guiness como o homem que sugou o ar respirável do planeta Terra de uma fungadela só.

Só aguentei até Famalicão. Não sei se era do sono ou se simplesmente estou a ficar um coração mole mas o que é certo é que, nessa altura, respirei fundo, relaxei todo um leque de feições e perguntei, na voz mais reconfortante e calorosa que consigo produzir, se o senhor queria um lenço...

E ele não quis!!

Catarina Vilas Boas

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Do sexo desconhecido (24 de Outubro)


Isto de andar de comboio acompanhada é logo outra coisa. Duas cabeças pensam melhor, vêem melhor e falam melhor (e mais). Então se forem mulheres... 

Confesso que não sou muito gaja. Não tenho esse espírito. Dantes pensava que era um bicho estranho por só me dar realmente bem com o sexo masculino. Mas depois entrei na Universidade e percebi que o que era mesmo era uma mulher à frente do meu tempo!! Nunca eu vi tanta mulher não gaja junta como na minha turma de Ciências da Comunicação da Católica. Como um colega nosso disse um dia - "pior que a raça de Matosas". Com as minhas amigas não gajas aprendi a aceitar a minha loucura natural e a cagar instantaneamente no que pudessem pensar ou dizer sobre isso. Elas (e eles também) foram a minha maior aprendizagem do tempo universitário. Não me moldaram - eu sempre fui assim - mas ajudaram-me a libertar de certas amarras que impus a mim mesma, por vergonha ou timidez, e que assim que foram quebradas fizeram de mim uma pessoa melhor e mais completa.

Tudo isto porque este post tem tudo a ver com mulheres - uma gaja e outra fiquei sem saber bem ao certo...

A primeira é a minha companheira de viagens - chamemos-lhe Gi - anda no mestrado comigo e apesar de não fazer a viagem inteira, faz-me companhia até metade do meu percurso de volta. Eu gosto da Gi, ela é adorável. Mas ela é gaja. E eu nunca tive muita paciência para gajas. Chama-me "Amor" a toda a hora (o que a princípio se me estranhou mas depois entranhou) e utiliza expressões como "cachopa" o que me faz sentir em pleno deserto alentejano. Assim como a minha outra colega, (também ela gaja) encontra interesse em determinados assuntos que a mim não me dizem nada e reage de uma forma tipicamente feminina a temáticas e acontecimentos aos quais eu (e os gajos) respondo de uma forma completamente diferente (ou não respondo de todo porque simplesmente não me interessam). Mas mesmo sendo gajas, são gajas fixes. E tenho sempre os gajos (que foram, naturalmente, as minhas primeiras amizades) para contrabalançar as convivências.

A segunda é uma, chamemos-lhe pessoa, que vinha connosco no comboio. Se a Gi não estivesse lá eu nunca teria reparado na dita cuja!! Mas assim que ela me chamou à atenção surgiu logo ali discussão - afinal, é homem ou mulher?? 

  • Tinha cabelo curto atado num carrapito;
  • A cara era a de um homem autêntico;
  • Tinha pelos nos braços;
  • A voz era de mulher;
  • Levava um bebé no carrinho que ora chamava pela mãe ora pelo pai (não se pode confiar nesta canalha!!); 
  • Tinha uma bolsa,
  • Parecia ter mamas (mas não tínhamos bem a certeza).

Tudo isto formava um quadro tão estranho e incógnito que eu e a Gi chegamos mesmo a tentar averiguar o volume da genitália da pessoa. Pior foi para mim, que estava de costas e ganhei o princípio de um torcicolo!! 


Uma beijoca para a Gi, porque se ela não fosse gaja este post nunca teria acontecido.

Catarina Vilas Boas

P.S.: No final ela sai na paragem dela, junto à pessoa, e liga-me logo depois a dizer que não conseguiu perceber e para eu tentar ver e lhe ligar (estão a ver - gaja).


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Dos hipsters do comboio

Hipster alert na viagem de comboio de hoje!!
Devia ser uma espécie de convenção nacional porque era só deles, mais que as mães: desde o homem com brilhantina besuntada no cabelo à mulher das calças aos quadrados e óculos à John Lennon.
Eu consigo distinguir um hipster a quilómetros de distância e de costas. Como? Pela mochila. Todos os hipsters usam mochila. São sempre de cabedal preto ou de pele castanha, coçadas repescadas do sótão da avó ou compradas, novinhas em folha, na Zara (por uma módica quantia que dava fácil para adquirir um fígado no mercado negro). 
Se eu fosse um Barão da Droga (neste caso, Baroa) eu usaria os hipster como mulas. E em vez de os obrigar a mamar as bolotas e transportá-las no estômago, ordenava-lhes que carregassem as respectivas nas suas mochilas. Quanta e quanta droga passaria fronteiras se os hipsters se prestassem a esse serviço... Porque, sejamos sinceros, qual é o homem ou o cão que se atreve a mexer na mochila de um hipster? Aquilo é sagrado!! Nem sequer as mulheres (que são uma espécie que devia ser obrigada a usar nas malas e bolsas um sinal de aviso de transportes de materiais perigosos) se atrevem a corromper essa que é a mochila sagrada, dos tempos em que os Sex Pistols e o Deep Throat eram novidade, toda ela carregada de memória (e sabe-se lá mais o quê).

O bom do comboio estar apinhado de hipsters é que o silêncio impera. Eles vivem isolados do mundo! Sentem-se bem uns com os outros, nota-se logo na carinha deles! Mas expressam essa felicidade em silêncio. Como se não fosse nada com eles...

Eu curto os hipsters. Eles fazem-me lembrar aquele velho ditado: se não tens nada de interessante a dizer então fica calado.

Catarina Vilas Boas

P.S. Qualquer dia anexo aqui umas crónicas das aulas de condução. Aquilo é sabedoria capaz de encher uma enciclopédia de dicas sentimentais! Volumes! O meu instrutor é um conselheiro matrimonial nato... É uma pena que eu não seja casada.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Da culpa do Outono

Esta semana de viagens não foi muito produtiva no que toca a material de reflexão. Valeu-me o Fiódor Dostoiévski e o seu "Crime e Castigo". E como um livro é como um amigo e eu este já o li, a nossa conversa a dois acabou por não ser muito surpreendente...

Entristece-me dizer que o nível de qualidade dos passageiros das "minhas" viagens está a aumentar. Das duas uma: ou o frio e a chuva afastaram  os esquisitos (que falam esquisito, que cheiram esquisito, que fazem esquisito...) e sendo assim viva o Outono e venha daí o Inverno!! Ou sou eu que já não possuo o espírito crítico inicial e me fui habituando à ideia de não ver defeitos nos outros. Gosto da primeira hipótese - que se isto das estações anulasse determinada espécie de pseudo-gente o mundo seria um lugar muito mais convidativo- mas, infelizmente, o meu bom senso faz com que tenha a perfeita noção de que a segunda será, muito provavelmente, a verificável. E sendo assim TIREM-ME DAQUI!! JÁ NÃO PERTENÇO A ESTE MUNDO! FUI RAPTADA POR ETS! TROCARAM-ME! 

Percebam o meu desespero: não creio que seja alguma coisa sem o meu aguçado e parcial espírito crítico. A minha essência é a capacidade de vislumbrar defeitos e o negativo mesmo antes deste acontecer, quando ele está a léguas de distância, muito antes de ele pensar sequer em dar um "oi!". E quando as coisas más acontecem (e acontecem sempre), eu retiro logo à partida e de imediato algo de positivo - o velho "Tinhas razão, Catarina! És tão foda!". É o meu "je ne sais quoi"!! É aquilo que me explica sem explicar!

E quem sou eu sem o meu "je ne sais quoi"? Como é que eu vou ser feliz avaliando-me a mim mesma como uma gota igual às outras num mar de qualidades e defeitos de gente? 

Oh - orgulhosa. Oh - teimosa. Oh-impulsiva. Oh - ciumenta. - tooooda a gente é assim!! 
Uns mais, outros menos, mas são defeitos internamente aceitáveis. E eu não posso ser aceitável!! Eu não posso ser "uma" eu tenho que ser "A". TENHO QUE SER "A" pelo menos para mim!! Como é que vou olhar-me ao espelho, todos os dias, e pensar que perdi o meu brilhantismo doentio maléfico irónico (um pouco sádico) de negatividade?? Não posso.

E dito isto, fuck it, a culpa é do Outono.

Catarina Vilas Boas

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Da ida - 9 de Setembro de 2013

16:34 - 71 fatídicos minutos de viagem esperam-me. Isto antes de se entrar no comboio dá a mesma sensação que a um actor em dia de estreia. A sensação de inevitabilidade assim que os holofotes se acendem e se entra em palco é a mesma de quando o comboio começa a andar - estamos ali, não há volta a dar. Um comboio é, no fundo, uma terra sem lei em que o improviso é rei (e quem rima sem querer é amado sem saber).

Adiante... já vos disse que adoro o Porto? A-D-O-R-O-!! Estou a falar a sério...com o Porto não se brinca!! Acho que é uma cidade carregada de alma e de postura, que não verga por qualquer vendaval ou tempestade. Que se mantém Invicta, segura e serena. Desde os edifícios às pessoas, todos eles parecem banhados a porte majestoso com uma pitada de altivez na dose certa. Até os mendigos e os pseudo gangstas têm melhor aspecto no Porto do que no resto deste nosso Portugal!! Eu, enquanto vilaverdense, não posso deixar de sentir um resquício de inferioridade sempre que pouso o pé na Estação de S. Bento (e isso é dizer muito porque, do alto dos meus 156 cm, raramente me sinto menor do que ou de quem quer que seja). Mas passa logo. Porque esta cidade, se fosse uma pessoa, seria linda por fora e por dentro. Seria como uma mãe: num lugar de topo sem subir ao pedestal, superior mas sempre posicionada ao nosso nível para nos segurar quando a vida e o mundo ficam difíceis de mais.

De entre as nuances mais bonitas deste lugar estão as lojas de bairro e de rua, de todo o tipo, ao virar de cada esquina e onde se encontram verdadeiros tesouros; a perfeita harmonia entre o velho e o novo, entre as cores dos grafitis, o cinzento das calçadas e o verde da natureza genialmente semeado por toda a cidade... Mas o melhor do Porto são mesmo as pessoas, a mescla de etnias, costumes e culturas que povoam as ruas numa existência nómada de rostos mais ou menos morenos, de portes mais ou menos atléticos, de olhos mais ou menos rasgados. Lá vemos de frente as feições e as rugas de quem escolheu o nosso país como (P)orto onde abrigar a sua vida, onde fazer a sua história. E que belas histórias se fazem nestas ruas do Porto...

Tudo isto porque hoje tive a companhia de uma família indiana do mais delicioso que já encontrei nestas minhas migrações pendulares -  carregavam na voz a língua, na pele o tom queimado e no comportamento caloroso um civismo e educação impecáveis, sem macha, raro de se ver hoje em dia. A viagem deles começou, como a minha, em Braga e terminou, adivinhem lá onde?

Catarina Vilas Boas

Da visão, olfacto e audição

O bom de andar de comboio (e o mau também) é que uma carruagem é um despertar de todos os sentidos do ser humano. Do tacto e do paladar não irei falar porque esses dois sentidos implicam poder de decisão – nós apenas comemos e tocamos aquilo que queremos – mas na visão, no olfacto e na audição é que a porca torce o rabo!! Quando estes sentidos despertam durante uma viagem de comboio não há muito que uma pessoa possa fazer para os controlar (sem parecer um tolinho com algum tipo de défice de desenvolvimento) e é aí que a verdadeira aventura começa.

- Eu não consigo descrever por palavras alguns dos cheiros que descobri desde esta minha incursão no mundo dos veículos ferroviários. Com 21 anos seria de esperar que já tivesse cheirado tudo mas, ou a minha memória olfactiva foi assolada por uma espécie de peste negra amnésica, ou são algumas das pessoas que andam comigo de comboio que desenvolveram uma peste negra em tudo quanto é poro. Às vezes questiono-me se as carruagens não serão uma espécie de portal com a capacidade de transformar todos os odores corporais, naturais e artificiais em algo malévolo para qualquer ser humano que precise de respirar para sobreviver. Mas logo desisto dessa ideia porque, se fosse assim, também eu cheiraria mal e neste momento não me sinto psicologicamente preparada para sequer considerar essa hipótese. Não sei se é a minha natureza céptica de apenas reparar no que está mal ou se sou simplesmente uma snob que tem a mania que é perfumadamente superior ao resto da humanidade mas uma coisa é certa, nestas minhas viagens de comboio (e já conto com algumas) nunca eu descobri um cheirinho agradável. Não! Quando me cheira a algo é sempre obrigatório baixar a cabeça, colocar o cabelo à frente da cara como se de uma cortina se tratasse e rezar baixinho para que a anónima origem desça na paragem ou apeadeiro mais próximo.

- Faça chuva ou faça sol, seja de dia ou de noite, nunca (MAS NUNCA) pensem em andar de comboio sem óculos de sol. Quando olho para um corredor de gente sentada (e de pé) com os olhinhos bem abertos para o mundo e sem qualquer tipo de protecção não posso deixar de sentir alguma pena (que é a pior coisa que se pode sentir por alguém). As pessoas que se deslocam de comboio num período superior a 30 minutos NUNCA devem andar sem óculos de sol. Aliás, quando se verifica a existência de tal personagem parece que se levanta uma aura conjunta entre nós (os de óculos de sol) que se traduz num entreolhar de segundos em que todos partilhamos uma espécie de superioridade fruto da sabedoria que apenas aqueles que andam nisto há bué – os chamados passageiros velha guarda – conseguem perceber! 

Compreendam:
  • Querem dormir, podem fazê-lo sem ninguém perceber (a boca aberta e a fio de baba que, consequentemente de lá cai, são outra conversa);
  • Querem checar a garina das big boobs ou o homem de barba rija, podem fazê-lo sem que ela ou ele percebam (através da técnica – cabeça em frente e espreitadela pelo canto do olho);
  • Querem analisar a personagem que fala sozinha (ou que tira macacos do nariz, ou que come como se não houvesse amanhã, ou que tem queda de cabelo, ou que é estrábica, etc) podem analisar à vontade sem que a dita cuja se aperceba e vos espete uma naifada no meio das costelas assim que se levantarem para fugir ao pica.

Todo um mundo de possibilidades que apenas está acessível a quem usa óculos de sol. Toda uma experiência deficitária para aqueles que não os usam.

- As coisas que eu ouço no comboio… Não consigo compreender como é que alguém no seu juízo perfeito envereda por determinadas conversas sinuosas e tortuosas (para nós que as temos de ouvir mesmo sem querer) num espaço confinado a 200 mil formiguinhas, cada uma com mais ou menos poderio intelectual e igual gradação de julgamento. De entre o rol de coisas interessantes posso mencionar algumas que me marcaram:
  1. Diz um para o outro que estava do outro lado do corredor: “Ahh e tal comprei grama e meia de erva! (silêncio – e parece que se ouve o outro a mexer os lábios como quem diz “Tás parvo?”) Qual é, meu? Tenho 18 anos. A minha mãe sabe. O meu pai não.”
  2.  Um senhor com uma fotografia na mão virado para duas raparigas (E FORAM ELAS A COMEÇAR A CONVERSA – já nem se pode confiar na nossa faixa etária): “É esta a minha netinha. É linda não é? Tadinha! A minha filha casou-se tarde, sabe? Depois o marido veio com uma conversa que achava que estava a sentir-se atraído por outra pessoa e ela não teve mais nada, pôs-lhe as malas à porta. Ele nem dá dinheiro nem nada. Mas ela também não quer. Nunca está com a menina. Estes casamentos de hoje em dia… (suspiro)”.
  3.  Um casal de namorados à minha frente – ela sela e ele cego – “Oh môre, tax xatiada comigu? Tu que tenx? (conversa de 5 minutos ao telemóvel em modo altifalante – o homem, não o telemóvel) Táx tixte? Táx exquesita! Tu que tenx? (um abraço e um beijo molhado na bochecha mais à mão com direito a descrição sonora)” Querex que vá contigueh comprar o colxão depois de fazeres aquilo da inxcrixão? [com estes dois a coisa ficou tão insuportável que eu fingi que saí e voltei a entrar mais à frente na carruagem].
  4.  Um rapaz para duas amigas “… e eu perguntei quem conhecia a Casa da Quica em Santarém e houve um que respondeu! Diz ele: 75€ o serviço completo! (risinhos histéricos)”. E pergunta uma “O que é que é o serviço completo?” ao que ele responde “Deve ser lap dance e tocar.” (e é neste momento que eu sinto a obrigação de olhar para trás e ver quem é o entendido da matéria e rapidamente percebo que aquele rapaz nunca foi a uma casa de p*tas e que a corcunda que tem nas costas é devida ao peso do enorme armário que carrega com ele desde a descoberta da sexualidade) – eu também nunca fui a uma casa dessas, subentenda-se, mas se “serviço completo” significa “lap dance e tocar” acho que, com esta crise, os homens que procuram esse tipo de serviço deviam simplesmente ir ao Sardinha na quarta-feira à noite onde a coisa se dá por somente 8€ e com direito a uma bebida branca.
Confesso que sou uma apaixonada por vozes. Uma boa voz é meio caminho andado para fazer passar a mensagem e isso é uma vertente da comunicação que eu aprecio pela beleza e simplicidade que tem. Sabem aquelas vozes que mesmo à distância parece que nos sussurram ao ouvido? Grossas, roucas, brutas! Pois, dessas não há nos comboios. Antes houvesse…

Catarina Vilas Boas

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Chegadas e Partidas

O meu nome é Catarina Vilas Boas. Sou licenciada em Ciências da Comunicação e tenho 21 anos. Agora que nos conhecemos bem (porque eu fiz uma daquelas apresentações a lembrar as salas de chat do aeiou dos tempos das aulas de TIC no secundário) chega a altura de explicar a origem da verdadeira estrela que é este blog (fantástico, actualizadíssimo e contra o acordo ortográfico, na tentativa vã de vos manter fiel às raízes da nossa majestosa Língua Portuguesa). 

Após um ano sabático em que pouco fiz de produtivo e auto-destruí quase irremediavelmente a minha capacidade de escrita, entrei finalmente em Mestrado - de Comunicação Política, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ora sendo eu natural de Vila Verde (distrito de Braga), tendo o mestrado a carga horária de 3 horas por dia, 3 dias por semana, e tendo eu vivido o último ano em hibernação intelectual, decidi que, em prol da minha sanidade mental (e física), não me iria mudar (novamente) de malas e bagagens para a Invicta (cidade linda e que eu adoro). Foi uma decisão que custou a ser tomada e que, principalmente após constatar a imensidão de horas perdidas em viagens de comboio, custou a manter... mas, sendo eu uma pessoa coerente, decidi continuar e transformar essas horas em algo produtivo. Surgiu-me então a ideia de criar o "Crónicas de umas viagens de comboio", um blog que irá relatar as viagens e aventuras que 7 horas e 6 minutos semanais nos veículos da CP me proporcionam. 

Não garanto que todos os dias me depare com uma personagem ou situação mais caricata, nem garanto que não adormeça em algumas viagens... Talvez agora que decidi finalmente dar vida a isto eu seja bafejada pela sorte e nunca mais NINGUÉM se sente ao pé de mim. Não creio que tal aconteça, mas vale a pena apelar à  intervenção divina... 

Uma viagem de comboio de Braga-Porto e vice-versa com paragem em todos as estações e apeadeiros pode traumatizar meus amigos...e muito! TODOS A BORDO...mas por vossa conta e risco!!!

Catarina Vilas Boas