terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Das carpas

Excluindo aquelas pessoas meio esquizofrénicas que têm verdadeiras taras por locomotivas, não creio existir neste mundo aborrecido algum adulto que aprecie uma viagem de comboio como uma criança.

Mesmo esses ditos tarados exigem máquinas à antiga. Verdadeiras! Outrora alimentadas a carvão e carregadas de história, como as que se vêem nos filmes de cowboys. As crianças não! Para elas, esta espécie de metro agigantado a que nós chamamos arrogantemente de comboio, em Portugal, é uma das sete maravilhas mundiais e um poço inesgotável de sensações únicas.

Já os vi fazer de tudo dentro de uma carruagem: balouçarem-se nos varões como verdadeiros artistas circenses, relatarem as paisagens mundanas com a perícia de um locutor de rádio, esmagarem as caras contra os vidros e sorverem-nos, de boca bem aberta, como aquelas carpas chinesas que o povo macho man gosta de tatuar na perna. E eu adoro, confesso. 

As crianças, não a tatuagem! Se é para tatuar um animal ao menos que se tatue um de jeito tipo um leão ou um lobo... Não uma sardinha com bigodes!! 

Catarina Vilas Boas

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Do S. Valentim

É dia dos namorados! Contava com, pelo menos, uns coraçõezinhos cor de rosa, uns confetes, uma musicazinha à Nicholas Sparks e uma luz ambiente... Mas na-da! A mesma luz forte de acordar cegos e atrair milhões de insectos para  a morte, o mesmo vermelho vómito dos assentos com apontamentos de amarelo nas pegas e nos varões, nada de música, ou confetes ou sequer almas gémeas aos achegos e amassos pela carruagem afora (eu sei, fartei-me de espreitar). Sinceramente, fiquei um bocado desiludida. Afinal de contas, há coisa mais romântica do que andar de comboio? Elas ficam à espera... todos os anos! À espera daquela viagem arrebatadora sobre carris com que sonham desde pequeninas. E todos os anos saem desiludidas com jantares, flores, bombons e diamantes.

Se alguma tem a sorte de ir dar um passeio, nunca é de comboio! Nestas coisas do amor em meios de transportes o comboio sempre foi muito discriminado... E não há razões para isso! É certo que os gajos da CP não ajudam nada na decoração... mas sempre é mais espaçoso do que um táxi, ou um carro, ou uma limusine. E tudo bem que não tem a mítica casa-de-banho dos aviões que toda a gente quer experimentar, mas tem duas cabines género cockpit e uma está sempre vazia, pronta a ser utilizada pelos mais selvagens dos amantes!! Ainda vão a tempo, que isto do dia de S. Valentim é como o Natal - quando um homem quiser. Não tem nada que saber, a desocupada é sempre a da traseira. Mas se tiverem dúvidas e me virem pelo comboio podem vir ter comigo que eu explico. Sempre fui uma santa padroeira dos casais apaixonaditos.

Catarina Vilas Boas

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Das bananas

Uma mulher não deve comer bananas em público. É isso e calippos. Tenho dito.

Catarina Vilas Boas