segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Do sexo desconhecido (24 de Outubro)


Isto de andar de comboio acompanhada é logo outra coisa. Duas cabeças pensam melhor, vêem melhor e falam melhor (e mais). Então se forem mulheres... 

Confesso que não sou muito gaja. Não tenho esse espírito. Dantes pensava que era um bicho estranho por só me dar realmente bem com o sexo masculino. Mas depois entrei na Universidade e percebi que o que era mesmo era uma mulher à frente do meu tempo!! Nunca eu vi tanta mulher não gaja junta como na minha turma de Ciências da Comunicação da Católica. Como um colega nosso disse um dia - "pior que a raça de Matosas". Com as minhas amigas não gajas aprendi a aceitar a minha loucura natural e a cagar instantaneamente no que pudessem pensar ou dizer sobre isso. Elas (e eles também) foram a minha maior aprendizagem do tempo universitário. Não me moldaram - eu sempre fui assim - mas ajudaram-me a libertar de certas amarras que impus a mim mesma, por vergonha ou timidez, e que assim que foram quebradas fizeram de mim uma pessoa melhor e mais completa.

Tudo isto porque este post tem tudo a ver com mulheres - uma gaja e outra fiquei sem saber bem ao certo...

A primeira é a minha companheira de viagens - chamemos-lhe Gi - anda no mestrado comigo e apesar de não fazer a viagem inteira, faz-me companhia até metade do meu percurso de volta. Eu gosto da Gi, ela é adorável. Mas ela é gaja. E eu nunca tive muita paciência para gajas. Chama-me "Amor" a toda a hora (o que a princípio se me estranhou mas depois entranhou) e utiliza expressões como "cachopa" o que me faz sentir em pleno deserto alentejano. Assim como a minha outra colega, (também ela gaja) encontra interesse em determinados assuntos que a mim não me dizem nada e reage de uma forma tipicamente feminina a temáticas e acontecimentos aos quais eu (e os gajos) respondo de uma forma completamente diferente (ou não respondo de todo porque simplesmente não me interessam). Mas mesmo sendo gajas, são gajas fixes. E tenho sempre os gajos (que foram, naturalmente, as minhas primeiras amizades) para contrabalançar as convivências.

A segunda é uma, chamemos-lhe pessoa, que vinha connosco no comboio. Se a Gi não estivesse lá eu nunca teria reparado na dita cuja!! Mas assim que ela me chamou à atenção surgiu logo ali discussão - afinal, é homem ou mulher?? 

  • Tinha cabelo curto atado num carrapito;
  • A cara era a de um homem autêntico;
  • Tinha pelos nos braços;
  • A voz era de mulher;
  • Levava um bebé no carrinho que ora chamava pela mãe ora pelo pai (não se pode confiar nesta canalha!!); 
  • Tinha uma bolsa,
  • Parecia ter mamas (mas não tínhamos bem a certeza).

Tudo isto formava um quadro tão estranho e incógnito que eu e a Gi chegamos mesmo a tentar averiguar o volume da genitália da pessoa. Pior foi para mim, que estava de costas e ganhei o princípio de um torcicolo!! 


Uma beijoca para a Gi, porque se ela não fosse gaja este post nunca teria acontecido.

Catarina Vilas Boas

P.S.: No final ela sai na paragem dela, junto à pessoa, e liga-me logo depois a dizer que não conseguiu perceber e para eu tentar ver e lhe ligar (estão a ver - gaja).


Sem comentários:

Enviar um comentário