terça-feira, 22 de outubro de 2013

Dos hipsters do comboio

Hipster alert na viagem de comboio de hoje!!
Devia ser uma espécie de convenção nacional porque era só deles, mais que as mães: desde o homem com brilhantina besuntada no cabelo à mulher das calças aos quadrados e óculos à John Lennon.
Eu consigo distinguir um hipster a quilómetros de distância e de costas. Como? Pela mochila. Todos os hipsters usam mochila. São sempre de cabedal preto ou de pele castanha, coçadas repescadas do sótão da avó ou compradas, novinhas em folha, na Zara (por uma módica quantia que dava fácil para adquirir um fígado no mercado negro). 
Se eu fosse um Barão da Droga (neste caso, Baroa) eu usaria os hipster como mulas. E em vez de os obrigar a mamar as bolotas e transportá-las no estômago, ordenava-lhes que carregassem as respectivas nas suas mochilas. Quanta e quanta droga passaria fronteiras se os hipsters se prestassem a esse serviço... Porque, sejamos sinceros, qual é o homem ou o cão que se atreve a mexer na mochila de um hipster? Aquilo é sagrado!! Nem sequer as mulheres (que são uma espécie que devia ser obrigada a usar nas malas e bolsas um sinal de aviso de transportes de materiais perigosos) se atrevem a corromper essa que é a mochila sagrada, dos tempos em que os Sex Pistols e o Deep Throat eram novidade, toda ela carregada de memória (e sabe-se lá mais o quê).

O bom do comboio estar apinhado de hipsters é que o silêncio impera. Eles vivem isolados do mundo! Sentem-se bem uns com os outros, nota-se logo na carinha deles! Mas expressam essa felicidade em silêncio. Como se não fosse nada com eles...

Eu curto os hipsters. Eles fazem-me lembrar aquele velho ditado: se não tens nada de interessante a dizer então fica calado.

Catarina Vilas Boas

P.S. Qualquer dia anexo aqui umas crónicas das aulas de condução. Aquilo é sabedoria capaz de encher uma enciclopédia de dicas sentimentais! Volumes! O meu instrutor é um conselheiro matrimonial nato... É uma pena que eu não seja casada.

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