quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Da minha cara de f*dida

Há momentos críticos na nossa vida que levam a que determinados músculos faciais, normalmente relaxados, se contraiam, dando origem àquilo a que eu gosto de chamar de "cara de f*dida (ou f*dido). Uns dão-lhe mais uso, outros nem por isso. A de uns é mais óbvia, a de outros nem tanto assim. Mas toda a gente tem uma cara dessas.

No meu caso, eu coloco a minha cara de f*dida não só quando estou realmente f*dida mas também e sempre que me encontro num ambiente estranho. E apesar de a minha relação com o comboio ser uma de plena confiança, já sem segredos ou surpresas, a realidade é que o mesmo não se pode dizer daquela que mantenho com as centenas de pessoas que ele acolhe (o cão traidor!) por dia. E é por causa dessas pessoas (e dessas pessoas apenas) que eu me vejo obrigada a transformar a minha cara numa verdadeira visão dos infernos, cada vez que subo a bordo de uma carruagem.

Talvez tenha sido por isso que o passageiro sentado à minha frente. na viagem de hoje, fungoso que estava, não teve a coragem de me perguntar se eu tinha um lenço de papel que lhe pudesse dispensar. E é nestas ocasiões que eu me amaldiçoo por ter uma cara de f*dida tão super ultra eficaz!! É que o sujeito acompanhou-me desde Braga até ao Porto e era pior que um aspirador a vácuo! Todo ele intermitentemente ranhoso, parecia que estava a tentar entrar nos recordes do Guiness como o homem que sugou o ar respirável do planeta Terra de uma fungadela só.

Só aguentei até Famalicão. Não sei se era do sono ou se simplesmente estou a ficar um coração mole mas o que é certo é que, nessa altura, respirei fundo, relaxei todo um leque de feições e perguntei, na voz mais reconfortante e calorosa que consigo produzir, se o senhor queria um lenço...

E ele não quis!!

Catarina Vilas Boas

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