quinta-feira, 15 de maio de 2014

Devaneios de Comboio #8

Saí do facebook para relaxar. Para não me enervar com os erros ortográficos. Para não satirizar as fotos de rabos e mamas e maquilhagens carnavalescas das fêmeas despidas e dos machos bombados. Saí do facebook porque estava farta das mesmas músicas da moda ou das alternativas que todos postavam não porque gostassem mas porque queriam ser diferentes sem o ser. Saí para não padecer do mesmo mal que criticava nos outros quando mantinham pseudo amizades facebookianas e as dilaceravam nas costas uns dos outros na vida real. Saí porque os gostos, os comentários, as mensagens no chat não passam de hipocrisias repletas de segundas intenções. Porque é mesmo assim, principalmente em interacções intersexuais. Já não se batem coros na discoteca, com os copos. Mas no facebook, sob a alçada do monitor. Saí porque estava a ficar muito azeda e descrente do putativo potencial da minha geração..

Fui para o instagram.

No início era tudo muito bonito. Um mar de rosas. Fotos de topo e de bom gosto. Descrições poliglotas de qualidade poética. Eu gostava mesmo daquilo!!  Até que os meus "amigos" do facebook me encontraram...

Foram lançando pedidos como torpedos. Suficientemente tardios e espaçados para que eu os aceitasse sem grande receio. Remorso e arrependimento é tudo o que sinto agora. Porque o instagram mudou. Hoje apresenta-me as mesmas fotos desesperadas, os mesmos erros de bradar aos céus, as mesmas pessoas de sempre que encontro ao virar da esquina e que não acrescentam nada de novo à minha vida, as mesmas frases feitas e repostagens do 9gag, e do Game of Thrones que "aii está a dar de novo!!", e do ginásio, dos sumos detox, das gajas boas e dos gajos que lhes babam idioticamente em cima através do smartphone.

Não é tudo assim, atenção!! Assim como não o era no facebook... Tenho "amigos" e amigos com dois palmos de testa que sabem escrever em português e se vestem de acordo com o tempo. Gosto muito deles. E é por eles que permaneço medianamente activa no ciberespaço.

Não posso, no entanto, deixar de ressalvar que, nesta minha jornada épica, a única plataforma social que não me desiludiu (nunca!) foi o Google+.

Ok, a maior parte dos seguidores têm nomes como "gatinha assanhada" e "joão sempre teso", e fotos de partes íntimas e actrizes porno que os ditos cujos vão buscar à internet. Mas ao menos são abertos nas suas intenções. Nesta feira da ladra social anda tudo ao mesmo! Ao menos no Google+ não há cá merdas. É o que é e acabou!! Eu premeio essa honestidade e mando uma chapadona de luva branca à boca do Zuckerberg, com a cena dele de "ninguém usa o Google+". EU USO! E curto pesado.






Catarina Vilas Boas

P.S.: Não se tem passado nada no comboio, daí os constantes devaneios cada vez mais rebuscados e antissociais.

3 comentários:

  1. Também sinto isso em relação ao Facebook, e de vez em quando tiro uma pausa sabática daquilo. Umas vezes removo o perfil, outras simplesmente deixo de lá ir por uns tempos. Mas é sobretudo a estupidez das pessoas que me deixa triste.. sobretudo em temas como futebol, política, praxes, touradas.. que levam cada um - talvez devido ao conforto de estarem atrás de um monitor - a soltarem o homem das cavernas que têm dentro de si.
    Falar no chat nunca foi a minha praia: tenho sempre aquilo desligado. E quanto ao Google+ , well.. não é para mim. Ainda me registei quando apareceu, mas aquilo é um deserto autêntico. :/

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  2. Por acaso o google+ nunca me cativou, mas concordo contigo acerca do mainstream que é o facebook e instagram. O twitter passa um pouco ao lado da maioria dos portugueses, e ainda bem...

    PS: e que tal tirares a chatas palavras de verificação? just saying...

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  3. A piada do Google+ é mesmo essa, meus caros!! Antes sozinha que mal acompanhada ;)

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