domingo, 25 de maio de 2014

Do quanto vale a minha corcunda

Não sou de levar muitas coisas na mala. Não sou mesmo. Ao contrário da maior parte das mulheres eu, num dia normal, carrego comigo a carteira, as chaves de casa, os óculos de sol, um pacote de lenços e fio dentário. Nos dias em que vou para o Porto, no entanto, parece que vou passar férias para um país subdesenvolvido. 

Só em comida carrego 1 quilograma - garrafa de água, bolachinhas e iced tea para o lanche, barra de cereais para meio de tarde, um pão, cereais para o caminho de volta e mais uns quantos snacks. Sou uma rapariga de muito sustento! 

Em produtos higiénicos e cosméticos, outro quilograma - ele é escova e pasta de dentes, ele é lima, ele é corrector de olheiras, e outros tantos etcs que só as mulheres irão compreender. 

O material pseudo escolar depende dos dias, mas geralmente fazem parte do kit - o estojo, o caderno, fotocópias, livros, tablet, carregador do tablet e isto quando não tenho que levar atrás de mim o meu toshiba do tempo das novas oportunidades, que já não fecha em condições, só funciona ligado à ficha e que, depois de um dia inteiro com ele às costas, parece pesar para mais de 5 toneladas. 

Quando faz calor, eventualmente coloco na mala o casaco que me parecia tão acertado de manhã, e a bijuteria que me começa a toldar os pulsos, os dedos, as orelhas e o pescoço - diz-se que quem tem brio não tem frio mas para quem tem calor também não está melhor. Juro, há dias em que chego àquela faculdade que mais devo parecer o Zé Gusto da tasca, com as bochechas vermelhas como um pimento e a suar como uma burra.

Tudo seria mais fácil, pensei eu, um dia, se existissem cacifos nas estações. Em qualquer uma delas estava bom, há coisas que podia deixar na de Braga e outras que podia deixar na de S. Bento. Assim só para me aligeirar um bocado a caminhada até à faculdade de CC que, de tanta inclinação, mais parece uma subida por Sto. António Mixões da Serra.

Em Braga sabia que não havia. Depois de uma breve pesquisa, cheguei à conclusão que existiam SIM cacifos na estação de S. Bento. Fiquei tão contente que mais parecia um puto na manhã de Natal. Cliquei no primeiro resultado googliano e deparei-me com a seguinte tabela.





Sou uma ingénua. É o que é!! Eu acreditei mesmo que, a existirem cacifos, iam ser daqueles de pôr moedinha de 1€, que devolvem a dita cuja uma vez o cacifo aberto. Será que eu, enquanto pobre viajante/burra de carga não merecia essa abébia? Já não basta ter que pagar para usar a casa de banho?? E só até a uma determinada hora!! Sim, porque os responsáveis da CP devem ter tido acesso a algum estudo ultra secreto que chegou à conclusão que as mulheres não têm vontade de urinar a partir das 22h! E poupam assim os trocos que teriam que pagar à "porteira" encarregue de cobrar a tarifa sanitária a partir dessa hora. 

Eu não tenho condições económicas de manter um cacifo sozinha. Se souberem de alguém disposto a partilhar o espaço e as despesas comigo, é favor contactarem-me aqui no blog. Enquanto não aparecem interessados, vou ver se, ao menos, passo a usar a bolsa no ombro esquerdo, porque o direito está meio descaído e eu já pareço o corcunda de Notre Dame versão ladeiro.

Catarina Vilas Boas

3 comentários:

  1. Raramente passo do Tejo para cima, por isso, partilhar um cacifo contigo em São Bento, não seria mais que um gesto altruísta, de simpatia e solidariedade.

    Caraças, a malta da blogosfera é toda do Norte, e eu não conheço sequer o Porto. Pode ser que um dia te recrute para guia turística, e aí sim partilhamos cacifo, vale? eheh

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  2. Ahah! Tá combinado, Pedro P.
    São mesmo, Nerd! Se fosse legal até a roupa do corpo nos levavam.

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